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Xangô – Orixá da Justiça



Fogo, trovões e raios.  Xangô é um Orixá másculo, viril, agressivo, violento e justo. Ele atua em questões relacionadas à justiça kármica, aquela que considera as ações das pessoas em todas as suas vidas e não somente nessa.
Conquistador, bonito, vaidoso e sensual. Diziam que pouquíssimas mulheres foram capazes de resistir aos seus dons, tanto que foi disputado por três das mais poderosas Orixás.
Suas principais características são: a misericórdia, a justiça, a lealdade, o espírito guerreiro, com arquétipo de conquistador e justo. Símbolo do fogo, dos raios dos céus e do ímpeto da coragem, garra, vigor e dinamismo, Xangô demonstra as características do elemento que o rege.
Dominador das chamas e deus dos raios, ele controla sem piedade as forças do Universo, não há quem escape à justiça deste forte Orixá, os seus olhos enxergam somente o que a alma expressa. Tentar enganá-lo é tornar a ainda pior a sua ira. As pessoas cruéis que escapam da condenação dos humanos, nunca se livrarão da justiça de Xangô.
Ele também é um grande protetor, como líder avança à frente de seus filhos e de todos que buscam sua orientação e segurança. Quem está ao lado de Xangô, não tem o que temer, confira mais sobre sua história:
História de Xangô
A história de Xangô sobre a justiça acima da ira
A história conta que ele era filho de Bayani e marido de Iansã, a Deusa dos ventos, além de Obá e Oxum. Tendo certeza que ele havia nascido para reinar uma de suas lendas conta sobre seu senso de justiça.
Em um determinado momento seus opositores haviam recebido ordens expressas para que destruíssem todo o exército de Xangô e o próprio Orixá. Xangô, seus ministros e soldados estavam perdendo essa batalha e todos os seus homens estavam sendo executados, corpos sendo destroçados e o poder do inimigo cada vez mais claro para ele.
Certo dia do alto de uma pedreira, o Orixá Xangô meditava, refletia a situação que acontecia e elaborava planos para derrotar seu inimigo. Ao observar a tristeza e a dor dos seus fiéis guerreiros Xangô foi preenchido pela ira e – em um rápido movimento – bateu o seu martelo em uma pedra que estava próxima.
Essa atitude provocou faíscas tão fortes que pareciam uma catástrofe, e quanto mais forte ele batia, mais força as faíscas tinham para atingirem seus inimigos.
Foram inúmeras as vezes que Xangô bateu seu machado nessa rocha, e diversos inimigos foram vencidos fazendo com que ele triunfasse e saísse vencedor. Foi a força das faíscas do seu machado que calou os inimigos.
Após prender todos os que haviam sobrevivido à batalha, os ministros de Xangô clamaram por justiça e pediram a destruição completa dos opositores.
Então Xangô proferiu a célebre frase: “Não! De forma alguma faria isso pois, o meu ódio, não pode ultrapassar os limites da justiça.
Em seguida o Orixá da misericórdia afirmou que os soldados apenas cumpririam ordens mas que seus líderes mereciam sofrer com a sua fúria e ira.
Foi aí que ele elevou seu machado aos céus e gerou uma sequência de diversos raios que destruíram os líderes dos inimigos, mas ao mesmo tempo, libertou os guerreiros – que passaram a servi-lo com lealdade.
Xangô ascendendo a Orixá
Outra história relatada em seus mitos conta que em um treinamento para situações de guerra, Xangô ateou fogo em seu reino e – conforme as regras de seu povo – ele deveria desafiar o seu melhor general para uma luta. Xangô perdeu a luta e – ainda seguindo as normas – deveria abdicar de sua vida por ter cometido um erro que havia causado sofrimento ao seu povo.
Xangô se enforcou em seguida e seu corpo desapareceu em um buraco na terra, de onde surgiu uma corrente de ferro que simbolizava o término da cadeia das gerações humanas. Foi nesse momento em que ele foi consagrado como Orixá. Em sua forma divina ele é filho de Oxalá e Iemanjá.
Qualidades de Xangô
Alufan
Veste branco e suas ferramentas são prateadas
Alafim
É representado como o dono do palácio real. É governante de Oyó e exibe características de Oxalá e Oxaguian
Afonjá
Conta a lenda que Oyá enviou por Obatalá um talismã mágico que é capaz de matar seus inimigos com um raio. Essa qualidade do orixá se alimenta com a mãe Iemanjá. Xangô Afonjá esta sempre em disputa com Ogsputa e um dos mitos relata que Afonjá e Ogum sempre lutavam entre si seja por uma disputa ao amor da mãe, Iemanjá, ou também pela competição de suas mulheres: Oyá, Oxum e Obá.
Aganju
Esse nome significa terra firme. Tem perna de pau e é casado com Iemanjá sendo o mais novo filho de Oranian. Essa versão de Xangô é a mais cruel pois ele leva o coração do inimigo na ponta da lança. Dizem que ele é amaldiçoado por ter matado e comido a própria mãe.
Agogo / Agodo / Ogodo
Essa versão de Xangô é ruim e gosta de dar ordens e ser obedecido. Segundo a lenda foi ele o responsável por raptar Obá. Ele come com sua mãe, Iemanjá e nessa versão ele aparece com dois machados (conhecidos como Oxês). Ele lança raios e fogo sobre seu próprio destino e o destrói.
Baru
Esse orixá veste-se de marrom e branco. De acordo com o mito Xangô recebe de Oxalá um cavalo branco como presente. Após a prisão de Oxalá em um calabouço no seu palácio, Xangô Baru, pediu para que todos se vestissem de branco e pedissem perdão ao Orixá da criação restabelecendo a paz em toda a Terra.
Bade
É um jovem vodum da família. Corresponde ao Xangô jovem dos nagôs. É o irmão de Loko e usa roupas azuis com faixas atadas atrás das vestes.
Jakuta
É aquele que atira as pedras. É a encarnação dos raios e trovões. De acordo com o mito ele foi atacado por guerreiros de povos distantes em um dia que seus súditos descansavam e dançavam ao som dos tambores. Depois de muitas mortes Jacutá conseguiu escapar com seus conselheiros de onde pode observar o sofrimento do seu povo. Então o rei chamou sua mulher Iansã que levou com suas tempestades os raios de seu rei. Os raios de Iansã caíram e afugentaram os invasores .
Koso ou Obacossô
De acordo com a história depois de passar por uma cidade chamada tapas Xangô se refugiou em uma cidade chamada Kossô mas se suicidou por ter suicidado seu povo. No momento de sua morte Iansã chegou ao Orum e pediu a Olodumare que o transformasse em um Orixá.
Oranifé
Essa versão de Xangô é impiedosa e é muito conhecido como sendo de temperamento difícil viril e não designar a seus filhos perdão.
Airá Intile
Esse é o filho de rebelde de Obatalá. Airá tinha sempre colares de contas vermelhas e brancas feitas por Obatalá para que toda a terra soubesse que ele era seu filho.
Airá Igbonam (Agoynham ou Ibonã)
O pai do fogo para o qual dança-se, canta-se sobre brasas escaldantes de fogueiras.
Airá Mofe, Osi ou Adjaos
Companheiro de Oxaguiã. Os Airá seriam sempre muito velhos, vestidos de branco e usando contas azuis em vez de corais vermelhos.
Oferenda para Xangô
IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada poalguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.
Amalá de Xangô é a comida típica oferecida ao Orixá.
Para prepará-lo é necessário:
·         12 quiabos;
·         1 litro de mel;
·         Azeite de dendê;
·         Água;
·         Carne de peito;
·         Camarão seco;
·         Cebola.
Corte os quiabos em pedaços pequenos, tempere com cebola ralada, camarão seco e azeite de dendê. Cozinhe bastante e depois misture com rabada ou carne de peito cozida e cortada em pedaços.
Dia de Xangô
O dia 30 de setembro é considerado o dia de Xangô na Umbanda e no Candomblé. Quarta-feira é o dia da semana destinado a ele que é o Deus da justiça, misericórdia e também da guerra.
Cores de Xangô
As principais cores associadas ao Orixá Xangô são o vermelho e o marrom. Elas são relacionadas a Xangô por conta da cor do fogo, que é o elemento deste Orixá.
É importante perceber que o marrom terra avermelhado e o vermelho encontram-se presentes na forma mais comum de sua visualização. Seus elementos e símbolos possuem as mesmas cores.
Características das filhas e filhos de Xangô
Ímpeto, impulso, ação, transformação, destruição. Os elementos presentes na mitologia do Orixá e no seu elemento regente, o fogo, são questões que acompanham os filhos e filhas de Xangô.
Ambiciosos, os filhos de Xangô gostam de sucesso e fortuna, mas são também inflexíveis, e agem com intratabilidade e autoridade. Apesar disso são bondosos, justos, misericordiosos, generosos, e inteligentes.
É tão fácil de percebê-los que até mesmo seu físico é bem característicos, são pessoas de porte forte, que podem até mesmo engordar facilmente se não cuidarem, pois ganham massa ou gordura com facilidade. Mas é tanta a autoestima e a energia que mesmo com muito peso não são pessoas sedentárias e “paradas”, estão sempre à frente de questões que acreditam e nunca fogem de uma questão quando solicitados.
Sincretismo de Xangô
Dependendo das suas qualidades, Xangô pode se apresentar como São Jerônimo ou como São João.
São Jerônimo nasceu na Iugoslávia e dedicou a sua vida aos estudos das escrituras sagradas. Em Roma estudou latim, grego e outros idiomas com o objetivo de aumentar o seu arcabouço intelectual.
O Santo decidiu fazer penitência em um deserto pois ele era muito orgulhoso e de temperamento difícil. Ao retornar à Itália foi nomeado secretario de Santo Ambrósio mas ele faleceu rapidamente fazendo com que o ele ficasse responsável por seus afazeres os quais desempenhou com sabedoria.
São João é o Santo católico relacionado às fogueiras de junho. O dia de celebração desse santo é dia 24 de junho e conecta-se aos festivais de solstício de verão na Europa.
O nascimento de São João Batista foi nesse dia e a celebração foi incorporada de rituais pagãos que eram parte das culturas europeias até aquele período.
Oração de Xangô
Xangô pode ser visto como o Orixá da Justiça mas é importante que se peça misericórdia e não justiça, mesmo que sem sua Oração essa palavra seja amplamente citada. Ele atua no julgamento kármico de todos os envolvidos, ou como costuma ser dito popularmente, o machado de Xangô corta para os dois lados. Veja a reza abaixo:
“KAÔ MEU PAI, KAÔ
O SENHOR QUE É O REI DA JUSTIÇA,
FAÇA VALER POR INTERMÉDIO DE SEUS DOZE MINISTROS,
A VONTADE DIVINA, PARA QUE OS OLHOS DE MEUS INIMIGOS NÃO ME ENCONTREM.
EMPRESTA-ME SUA FORÇA DE GUERREIRO,
PURIFIQUE MINHA ALMA NA CACHOEIRA.
SE ERREI, CONCEDA-ME A LUZ DO PERDÃO.
FAÇA DE SEU PEITO LARGO E FORTE MEU ESCUDO,
PARA COMBATER A INJUSTIÇA E A COBIÇA.
MINHA DEVOÇÃO OFEREÇO.
QUE SEJA FEITA A JUSTIÇA PARA TODO O SEMPRE
É MEU PAI E MEU DEFENSOR,
CONCEDA-ME A GRAÇA DE RECEBER SUA LUZ
E DE RECEBER SUA PROTEÇÃO.
KAÔ MEU PAI XANGÔ, KAÔ”
Saudação a Xangô
Kaô Kabecilê é uma expressão em Nagô que significa “Venham Saudar o Rei”. Usa-se essa expressão quando Xangô vem para a Terra, sendo que durante muito tempo ele foi o Rei de Oyó e onde se consagrou o Deus da justiça.
Xangô é um dos Orixás mais imponentes e poderosos, a força e coragem deste bravo guerreiro abençoam a todos na Terra através de sua Luz.
Por Carol


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