Iansã ou Oyá, Orixá do Direcionamento
Iansã, Yansã ou Oyá é
a Orixá dos fenômenos climáticos. Ela é a força dos ventos, o
poder da natureza, e aquela que surge quando o céu se precipita em água e
ventania. É a garra, a independência e a força feminina.
O seu nome possui significado de: A mãe do
Entardecer, e foi dado à ela por Xangô, sua grande paixão. Mulher guerreira,
essa Orixá se distancia das características das demais, com toda sua garra ela
acompanha os mais fortes nas batalhas, não nasceu para ficar em casa cuidando
do lar.
Apaixona-se com frequência, mas na maioria das
vezes é muito fiel em seus relacionamentos, entrega-se completamente ao amor
quando o encontra.
Iansã é o esteriótipo perfeito da mulher guerreira,
que não tem medo de se arriscar e mudar caso julgue necessário, que sai todos
os dias à batalha e não tem receio de lutar, quem espera pela ajuda de Iansã,
encontrará em sua essência garra e coragem para vencer na vida e alcançar os
seus objetivos.
História de Iansã
Conta o seu mito que um dia ela ajudava Ogum na
forja de metais com o objetivo de fabricar ferramentas de trabalho, pois ambos
queriam colaborar na construção do mundo. Porém era parte de sua
rotina também trabalhar em armas para guerrear, pois os dois eram
apaixonados por combate.
Iansã era uma ótima parceira de trabalho e a melhor
companheira para Ogum por ser uma guerreira livre. Juntos, eles adotaram Logunedé,
que havia se perdido de sua mãe Oxum,
criando-o juntos por muito tempo.
Certo dia, o Orixá Xangô foi
visitar seu irmão Ogum e encomendou algumas armas para a guerra. Assim que o
viu, Iansã se apaixonou por ele e abandonou seu antigo companheiro,
deixando Logunedé para ser criado apenas por Ogum.
Foi assim que ela se tornou uma das três esposas de
Xangô e com ele passou a coordenar as lutas e enviar seus ventos para a limpeza
do mundo, e também para anunciar a chegada dos raios e trovões deste Orixá.
Mas não foi somente com Xangô que ela viveu. Iansã
percorreu muitos reinos e viveu com outros reis: Oxaguian, Exu, Oxóssi, Obaluayê,
e o próprio Logunedé (que ela criou como filho). O objetivo dela era conhecer e
aprender absolutamente tudo. Com Ogum ela aprendeu o manuseio da espada,
com Oxaguian ela aprendeu a utilizar o escudo para protegê-la de ataques
inimigos. Exu a ensinou os mistérios do fogo e da magia e Oxóssi a ensinou a
caçar, a tirar a pele do búfalo e a se transformar no próprio animal com o
auxílio da magia. Ela seduziu Logunedé, filho de Oxóssi e de Oxum e – com ele –
aprendeu a pescar.
O Mito de Iansã e Obaluayê
Certo dia Iansã partiu para o reino de Obaluayê com
o objetivo de descobrir seus mistérios (e também para conhecer o seu rosto,
conhecido apenas por suas mães, Nanã e Yemanjá).
Chegando ao reino de Obaluayê ela perguntou como
estava o senhor das Chagas e, de prontidão, ele perguntou o que ela desejava em
seu reino. Iansã então disse que gostaria de ser sua amiga, conhecer e
aprender os seus mistérios e que para provar a sua amizade e honestidade
dançaria para ele a dança dos ventos.
Durante muito tempo a Orixá dançou para ele, mas
não foi capaz de emocioná-lo e nem de atrair a atenção de Obaluayê. Ele jamais
se relacionou com ninguém e Iansã tentou aprender seus segredos de qualquer
maneira, então disse ao Orixá tudo o que aprendeu com cada rei.
Após sua insistência Obaluayê perguntou se ela
realmente queria aprender e disse que a ensinaria a tratar os mortos. Durante
algum tempo Iansã relutou, mas a sua vontade de aprender era tão grande que ela
acabou sendo guiada por seus instintos e aprendeu a viver com os eguns (os
espíritos desencarnados) para controlá-los, e para conseguir aprender aquilo
que tinha vontade.
Outra versão do mito conta que Iansã se tornou a
Senhora dos Eguns, sendo a única – além de Obaluayê – que tem poder sobre os
mortos e que não os teme depois de vê-lo em uma festa.
Ao chegar de viagem na aldeia em que havia nascido
Obaluayê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os
Orixás, mas ele não se sentia a vontade para participar por sua aparência ser
desagradável aos olhos das pessoas e dos outros Orixás.
Ressentido e com vontade de participar ele
espreitava por uma fresta, até que Ogum, ao perceber sua dor o cobriu com uma
roupa de palha que possuía um capaz de cobrir o seu rosto feio e adoentado.
Dessa forma, o convidou para entrar e para aproveitar as comemorações e
festejos.
Com muita vergonha Obaluayê entrou mas ninguém se
aproximava dele, nenhuma mulher o chamou para dançar. Iansã, que acompanhava
tudo, se compadeceu da tristeza de Obaluayê e se aproximou dele, soprando suas
roupas de palha com o seu vento.
Nesse momento a ventania de Iansã fez com que as
feridas de Obaluayê pulassem para o alto e se transformassem em uma chuva de pipocas
fazendo com que todos descobrissem que na verdade ele era um jovem belo e
encantador, passando assim, a ser aclamado por sua beleza.
De felicidade e gratidão o Orixá das doenças e dos
mortos, em recompensa, dividiu com Iansã os seus mistérios, conhecimentos e o
seu reino. E a Deusa dançou com alegria para mostrar que possuía poderes sobre
os espíritos.
E foi assim que Obaluayê e Iansã tornaram-se
amigos, e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos e dos mortos sendo eles
os únicos que possuem o poder de abrir e fechar as portas entre o mundo dos
homens e das almas.
Qualidades de Iansã
Muitas são as faces e qualidades de Iansã que
aparecem nos mitos dessa Orixá. Dependendo do momento, da fase de seu mito e
das necessidades apresentadas pela divindade ela se mostra de diversas formas.
Abomi ou Bomin
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Tem
fundamento com Xangô e Oxum
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Afefe
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É ela quem
comanda os ventos, tem caminhos com Obaluaiê e Egun. Veste vermelho e branco,
também usa coral, o chorão de seu adê é alaranjado. Afefe, o vento, a
tempestade, acompanha Oyá.
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Akaran;
Tiodô; Leié e Oniacará
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Só
encontrada em algumas casas
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Arira
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uma de suas
formas
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Bagan
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Não tem
cabeça. Come com Exu, Ogum e Oxossi. Tem caminhos com Egun
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Bagbure
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Não tem
fundamento com nenhum Orixá. Parece pertencer ao culto de Egunguns
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Bamila
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eró Oxalufan
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Biniká ou
Benika
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Tem
fundamento com Oxum Opará
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Euá
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Um Orixá em
particular, mais que em alguns Ilês foram encontradas como forma de Oyá.
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Filiaba
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Tem
fundamento com Omulu.
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Gunán ou
Gigan
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Tem
fundamento com Xangô
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Kedimolu
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eró Oxumarê
e/ou Omolu
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Kodun
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eró com
Oxaguiã.
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Luo
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eró ossaim;
culto Nagô
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Maganbelle
ou Agangbele
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esse caminho
mostra a dificuldade quanto à geração de filhos. Tem fundamento com Iroko e
Xangô. Seu assentamento deve ser feito aos pés de Iroko.
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Messan ou
Yamesan
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É a que foi
esposa de Oxossi, meio animal e meio mulher. Só come caça com Oxossi nas
matas. É a mãe dos nove filhos Oyá Mesan é um de seus epítetos.
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Obá
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Orixá
independente, mais que em algumas casas foi encontrada como qualidade de Oyá.
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Odo
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Ligada às
águas e apaixonada carnal, é muito louca por amor.
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Ogaraju
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É uma das
mais antigas no Brasil.
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Onira
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É uma ninfa
das águas doces e seu culto aqui no Brasil é confundido com o culto das
outras Oyás por ser uma grande guerreira. É saudada como Oyá, sendo seu culto
na África totalmente diferente. Tem ligação com o culto a Egun. Tem grande
ligação com Oxum, pois foi ela quem ensinou Oxum Opara a lutar. É muito
perigosa por sua ligação e caminhos com Oxaguiã, Ogum e Obaluaiê. Veste coral
e amarelo. É Rainha da cidade de Ira (filha ou mulher de Sàngó). Onirá na
África é um título de Oiá, significando Senhora da Cidade de Irá.
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Onisoni
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Tem
fundamento com Omulu.
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Petu
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Nesse
aspecto ela convive com Sàngó. Ligada aos ventos e as árvores. Vem sempre
antes de Xangô, anunciando a sua chegada.
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Semi
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Tem
fundamento com Obaluaiê.
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Seno ou Ceno
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Tem
fundamento com Oxumarê.
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Sinsirá
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Tem
fundamento com Obaluaiê
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Sire
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Tem
fundamentos com Ossaim e Ayrá.
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Yapopo
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Tem
fundamento com Obaluaiê.
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Tope ou
Yatopé ou Tupé
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Tem ligação
com Xangô e veste-se de branco. Tem fundamento com Ogum e Exu.
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Gbale ou
Igbalé ou Balé
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É a Deusa
dos mortos. É Ligada diretamente ao culto de Egun, por isso é a senhora dos
cemitérios. Tem pleno domínio sobre os mortos,
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Oferenda para Iansã
IMPORTANTE: toda
oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda,
cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por
quem os conhecem após anos de prática na religião.
Muitas são as formas de celebração e de oferenda
para Iansã. Duas delas, bastante importantes para o Orixá são o acarajé e o
abará.
Acarajé
A palavra acarajé ou àkàrà significa bola de fogo.
Je significa comer. Àkàrà-je é “comer bola de fogo”. Esse é um que tem uma
origem interessante que se relaciona ao mito da relação de Xangô com suas
esposas Oxum e Iansã.
O acarajé é feito com feijão-fradinho que deve ser
quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água até a
casca se soltar. Depois, quando já estiver sem casca, essa massa deverá ser
passada novamente pelo moinho até se tornar uma massa macia.
Ela deverá ficar com a aparência de uma espuma e
deverá ser frita no azeite-de-dendê. O primeiro acarajé de uma leva é sempre
oferecido ao Exu.
Abará
O abará possui a mesma massa do acarajé, porém, ele
deverá ser cozido e não frito. Deve-se acrescentar à massa cebola ralada, sal e
duas colheres de dendê.
É importante envolver a massa em pequenos pedaços
de folha de bananeira, cozer em vapor e em banho-maria e deixa-lo para ser
servido na própria folha.
Dia de Iansã
O dia de Iansã é celebrado em 4 de dezembro. E o
dia da semana em que ela costuma receber as festas em sua homenagem é
quarta-feira.
Cores de Iansã
As cores de Iansã são o amarelo e o vermelho. As
contas de seu cristal podem ser vistas na cor amarela e o cor-de-rosa também é
uma das cores que referenciam a Orixá Iansã.
Características dos Filhos e Filhas de Iansã
Os principais estereótipos dos filhos de Iansã
giram em torno da personalidade guerreira, independente e com muita sede de
saber que a própria Orixá possui.
Os filhos de Iansã e as filhas de Iansã apresentam
seus comportamentos livres, amam a natureza, gostam de viajar e – como bons
extrovertidos – gostam de se divertir.
Muitas vezes são audaciosos, autoritários e também
poderosos. Eles não aceitam afrontas, e tentam intimidar os seus rivais com o
dom da fala presente em seus conhecimentos. Os filhos de Iansã não gostam
de ser contrariados, são ciumentos e podem até ser vingativos.
Sincretismo de Iansã
O sincretismo de Iansã relaciona-se à Santa
Bárbara. A Santa do Catolicismo que ficou conhecida pelo ciúmes de seu pai,
Dióscoro.
O homem a todo custo tentava resguardar a filha dos
pretendentes, que desejavam pedir sua filha em casamento. Para evitar tal
acontecimento, o pai trancou a filha em uma torre.
Nessa torre haviam duas janelas, e Santa Bárbara
pediu a construção de uma terceira para representar a Santíssima Trindade. Um
dia, em sua cerimônia de batismo, ela atraiu a ira do pai e fugiu do seu
perseguidor.
Foi descoberta e denunciada por um pastor,
capturada pelo pai e levada ao tribunal completamente nua. Foi então que o
milagre aconteceu. A Santa foi vestida milagrosamente com um suntuoso manto.
Porém ela acabou sendo morta pelo pai, que foi fulminado por um raio assim que
a matou.
Aí encontra-se a principal relação da Santa com o
Orixá Oyá ou Iansã, tendo em vista que ela também é invocada nas tempestades.
Oração à Iansã
“Iansã, mãe e senhora dos ventos e tempestades, das
horas aflitas e das almas perdidas.
Dona de todas as direções.
Operosa divindade em prol dos desígnios dos filhos
de caídos sem norte e vontade.
Piedade para nós, criaturas que vivemos, à beira
das tentações, dos abismos, alheios ao amor do pai Olorum.
Mãe, empresta-nos tua decisão e tua coragem, para o
encontro do nosso próprio ser.
Daí-nos um roteiro de esperança e triunfo.
Erradicai a pobreza dos nossos sentimentos,
orienta-nos para a verdade, dentro do caminho de devoção ao supremo doador.
Encoraja-nos senhora dos raios, para que nossa
própria mente, siga uma só direção: amar a Olorum.
Êparrei Iansã!”
Saudação a Iansã
Uma saudação muito utilizada para a Orixá Iansã
é Eparrey Iansã. Essa saudação significa um “olá” com muita
admiração. Pode ser escrita também como Eparrêi.
Mulher de garra e decidida, essa Orixá não tem medo
dos desafios e encara qualquer obstáculo obstinada a vencer. Sua essência
inspira coragem e fibra, quem busca força encontrará essa energia nos braços de
Iansã.
Por
Carol
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